A solidez da proposta pedagógica da escola tendo como premissa a complexidade do sujeito em contínuo desenvolvimento é o X da questão (in)disciplinar, independentemente da modalidade, seja ela presencial ou remota
Por Silvia Fiorese*: A abordagem que permeia toda a proposta pedagógica do Cel.Lep é a crítico-reflexiva. Sendo assim, iniciamos modestamente a nossa interação com a seguinte provocação: como, no meu meio educacional, a (in)disciplina é interpretada?
Para dar continuidade a esse raciocínio, compartilho aqui a síntese das minhas longas conversas com coordenadores e docentes de várias escolas nos mais de 30 anos de jornada acadêmica, em duas principais correntes de pensamento:
- a primeira tem como base a justificativa no outro – sujeito, família, sistema, sociedade. É pautada na relação de poder disciplinador, característico da modernidade segundo Foucault (1977);
- a segunda tem como base a oportunidade que contempla o desenvolvimento dos protagonistas da escola: professores e alunos. Eles devem ser compreendidos a partir do seu contexto sociocultural/histórico de acordo com Vygotsky (1987).
Na perspectiva de Rego (1995), os fatores acima mencionados têm impacto imediato no fazer pedagógico de cada instituição escolar:
O modo como interpretamos a indisciplina (ou a disciplina), sem dúvida, acarreta uma série de implicações à pratica pedagógica, já que fornece elementos capazes de interferir não somente nos tipos de interações estabelecidas com os alunos e na definição de critérios para avaliar seu desempenho na escola, como também no estabelecimento dos objetivos que se quer alcançar.
Prática pedagógica
No Cel.Lep, a nossa proposta pedagógica favorece a segunda linha de pensamento, pois nos posicionamos como uma escola que atua no desenvolvimento da competência linguístico-comunicativa da língua estrangeira e, paralelamente, na formação integral dos nossos alunos. Na mesma premissa, a capacitação docente tem como dimensão as áreas (a) didático-pedagógica e (b) afetiva na construção de vínculos entre professores e alunos.
Isto posto, no que tange à (in) disciplina, a nossa prática pedagógica, tanto nas modalidades presencial ou remota simultânea, que entende o papel do professor como mediador na resolução de conflitos, é vista como objeto de reflexão e ação nas seguintes frentes:
- quem são os alunos supostamente (in) disciplinados?
- como está a relação professor-alunos em aula?
- como está a coconstrução e utilização de combinados e parâmetros relacionais?
- como está o processo de conscientização discente para potencializar a (auto)regulação de comportamento/emoções em grupo?
- quantas oportunidades de rodas de conversas foram criadas?
- e assembleias?
- a coesão de grupo é um indicativo? E a ajuda de colegas para o desenvolvimento do autogoverno (ZPD-Vygotsky)?
- o momento de autoavaliação foi/será enriquecido com essas prerrogativas?
Olhar amplo
Em suma, a conduta dialógica no Cel.Lep tem favorecido a mencionada mediação de conflitos acima, bem como as intervenções pedagógicas em relação à atitude apática, disciplinada em excesso, não questionadora, obediente, passiva, não condizente à formação integral de um sujeito autônomo e protagonista da sua vida na atual sociedade da aprendizagem.